“O idoso não pode abrir mão de ter amigos e de cuidar da saúde. Sãos duas coisas muito importantes para ter uma boa velhice”, observa a psicóloga clínica e psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) Blenda de Oliveira. Usar as redes sociais, além de dar a possibilidade de fazer e manter amizades virtuais, faz com que os idosos sejam desafiados a aprender coisas novas, já que precisam estar sempre sintonizados com as mudanças constantes que as redes fazem em seus sites.
O médico geriatra e responsável pelo laboratório de análises clínicas do Hospital Santa Virgínia Alexandre Fortini explica que o círculo social feito pessoalmente ou através das mídias sociais, além de beneficiar a saúde mental do idoso, também fornece suporte para um período de perdas. “A terceira idade é um período onde você perde amigos e familiares. Ter amigos ajuda a encarar e aceitar melhor essas perdas.”
Mais de 30 mulheres
Licinia conta que suas amizades virtuais a ajudam com os problemas cotidianos. “Como sempre fui de manter amizades, tenho com quem conversar. Poder ligar para um amigo ou entrar no MSN para bater-papo é muito bom, principalmente quando temos alguns problemas e precisamos de ajuda sem envolver a família em tudo. Eu também aconselho muito meus amigos, ajudo mesmo.”
Antes de se aventurar a mexer no computador, a dona de casa conta que tinha “pavor da flecha do mouse” e que não sabia que poderia gostar tanto de ficar conectada. “Até aniversário o site lembra para mim. Adoro parabenizar meus amigos pelo Facebook. Aliás, cada dia que passa gosto mais de usar redes sociais. Já chegamos a reunir um grupo de mais de 30 amigas do Orkut para nos encontrarmos. Foi muito bom”, conta deixando claro a importância que dá para o contato pessoal.
A administradora de empresas Walderez Santos Balieiro, 66, também é adepta dos amigos virtuais. “Não vivo sem meu computador. Como a gente é muito atarefada, nem sempre conseguimos ligar ou encontrar pessoalmente. A internet é mais rápida e conseguimos estar sempre presentes de alguma forma na vida de todos que gostamos. E também a internet obriga a gente a usar bastante a mente. Eu, por exemplo, gosto de sempre estar ocupada”.
Mente e corpo
“Atualmente sabe-se que a leitura frequente de jornais, revistas ou sites, participar de redes sociais, fazer palavras cruzadas, frequentar aulas em faculdades da terceira idade ou o aprendizado de línguas estrangeiras ajudam a manter conexões cerebrais em melhor estado”, afirma Alexandre. O médico também aconselha associar essas experiências à prática de atividades físicas para uma boa velhice. Tudo isso faz um trabalho preventivo.
“O contato físico nunca poderá ser menosprezado. Manter amigos pelo computador é ótimo, mas precisamos também estimular os idosos a terem contato com outras pessoas no dia a dia”, afirma Blenda.
É exatamente disso que Roy Burns, 70, não abre mão. Ele faz ginástica há cinco anos e não consegue ficar longe da academia por muito tempo. “Eu vou à academia de segunda a sábado. Se chove, mais de uma vez por dia. Ser bem orientado por um personal trainer fez toda a diferença para mim”, afirma Roy, que agora trabalha melhor, com treinos específicos, cada uma de suas necessidades como equilíbrio e flexibilidade.
Os resultados aparecem nas atividades cotidianas. O americano, que mora há mais de 40 anos no Brasil, conta que adora tomar uma cervejinha e consegue levantar 24 latinhas sem fazer muito esforço. “Vou ao supermercado e consigo pegar o pacote sem ajuda e sem fazer tanto esforço. Também é mais fácil sentar e levantar sem apoio. Além disso, sinto uma grande melhora na minha postura.”
“O idoso precisa dos mesmos cuidados que qualquer pessoa”, diz o instrutor e personal trainer David Coimbra . “Os alunos mais velhos são excelentes. São mais assíduos, observadores e interagem bastante com outras pessoas. Acho que tem um pouco de gostar do contato humano, de fazer amigos. Isso é bem presente no aluno da terceira idade”, afirma.