Comportamentos e julgamentos vindos ora da família, ora da sociedade, contribuem para os idosos não valorizarem o próprio corpo e, consequentemente, a própria manifestação do sexo.
Os problemas se agravam assim que os assuntos sobre a sexualidade e afetividade na terceira idade entram em debate. Os idosos têm que enfrentar os preconceitos, bem como precisam dar várias explicações à família. É comum condenarem os mais velhos como seres assexuados, criando mitos de que os idosos não podem ter desejos sexuais ou inventam dificuldades para que eles não tenham novos relacionamentos.
Alguns setores da sociedade impõe uma visão mitológica e preconceituosa de que os idosos não necessitam de sexo, por isso muitos deles renunciam o seu prazer para não serem oprimidos e acabam ingressando num processo de isolamento social, adoecimento físico e mental. Entretanto, o estado, a família e a sociedade tem o dever de garantir e respeitar os idosos no âmbito da sexualidade ou em qualquer outra área.
Por outro lado, existem pesquisas sobre a sexualidade dos idosos, que derrubam por terra todas as considerações provocadas pela família e sociedade. Elas afirmam a vida sexual do idoso, inclusive deixando claro que eles sentem, sim, desejos e alguns possuem uma vida sexual praticamente ativa. A ciência colabora para promover esse benefício à terceira idade, juntamente com outros elementos como atividades físicas, recreativas, culturais e os cuidados com a saúde, o que proporciona, além de uma performance sexual plena, uma melhora na qualidade de vida dos idosos.
Portanto, ao contrário do que muita gente, e setores da sociedade pregam, os idosos gostam, sim, de receber beijos, abraços, assim como namorar, e alimentar as fantasias sexuais na intimidade. E, até por conta de toda a evolução tecnológica, família e sociedade devem buscar evoluir suas mentalidades e aceitar a naturalidade da prática do sexo entre os mais velhos.
É importante ressaltar que a população do país e mundial está envelhecendo e os que estão na faixa etária dos 60 anos se tornam longevos e muitos continuam social e sexualmente ativos. Os dados apontam que em 2015 o Brasil possuía, 23 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que corresponde a 12,5% da população. Em 2050 o país terá 64 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que significará 30% da população. Há a expectativa de que 2050 o número total de idosos represente 21,5% da população mundial.
Diante desse contexto, a rede familiar, pública e privada precisa se preparar e se adaptar à essa nova realidade sexual, social, cultural e econômica dos idosos, que construíram verdades pessoais ao longo da vida com trabalho, sabedoria e maturidade, que devem ser compreendidas, respeitadas e garantidas como direitos inalienáveis.
Por Jackson César Buonocore
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